Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Lições de vida pela ótica de uma vida.

Estou feliz porque hoje consegui retornar à atividade de registrar dados sobre o meu relacionamento e cuidados desenvolvidos com minha mãe amada. O tempo dela em vida finalizou. Fica a saudade e um vazio imenso. A tristeza também tenta se alojar por meio de lembranças muito vivas, especialmente as que dizem respeito aos últimos meses transcorridos nos hospitais, unidades de terapia intensiva, sonda, aspirador, cilindro de oxigênio, curativos, gemidos de dor e olhares clamando por ajuda e compreensão do movimento que acontecia dentro de locais variados. A sensação de perda total de referências traduzia-se pelo olhar aflito e perdido da minha mãe. Impotência e revolta foram  os sentimentos demonstrados quando assistimos serem negados todos os recursos materiais e humanos prestados para a minha mãe através do convênio que dispúnhamos. Tentar reverter este quadro era urgente e vital! E, enquanto isso não acontecia, busquei repor alguns desses recursos negados, tais como: aspirador, cilindro e concentrador de oxigênio por meio de aluguel dos mesmos. Nesse trajeto, encontrar cuidadoras com habilidades necessárias à demanda do momento constituiu-se também num desafio extremamente desgastante! Decepções, desencantamento e desalento compuseram esse cenário, no qual o tempo urgia por soluções. Dentro de mim se instalou um sintoma caracterizado por um sinal de alerta constante, sem descanso para o dia e a noite. Presenciamos a exaustão de uma vida que no seu calvário muito nos ensinou deixando-nos muito a aprender no obscuro universo do Alzheimer.Com muita saudade constato que o tempo segue o fluxo que o determina e nele, entendo que é preciso seguir e me entrincheirar nesse exército de formiguinhas que marcham insistentemente com o objetivo de olhar, ouvir e fazer mais em nome do Alzheimer. No momento não tenho clara a rota do meu percurso mas sei que é preciso caminhar. Sem mais, eu finalizo o meu primeiro texto deste ano e agradeço aos meus fiéis seguidores. E que venha a vida com paz, alegria e muitos desafios! Vera Helena, sempre viva. 03/02/15

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ciclos: final e início

Minha mãe partiu dia 17 de dezembro. Encerra-se um tempo de muita luta e formas variadas de ver e sentir o amor e agora, enfrento os dias de luto. Não me oponho a ele, nem me rendo ao mesmo, simplesmente realizo minhas atividades da maneira que me tem sido possível. Ponto alto tem sido o apoio de todos os meus amados e com eles, tudo fica mais leve, pois aceitam como estou na certeza que devagar voltarei a ser o que sou! Só que mais acrescida e crescida em todos os sentidos. Sobre isso, iniciarei um novo ciclo, do qual falaremos brevemente. E, se de tudo fica um pouco, confesso que muito, mas muito ficou em mim. Beijos e muita gratidão aos meus seguidores fiéis. Vera Helena, sempre viva. 26/12/2014.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

UTI

UTI - Desde a madrugada de domingo, dia 14, minha mãe não passa bem. Em decorrência dessa situação, nos vimos na UTI de um hospital local. Mais um quadro de pneumonia decorrente da ausência de deglutição. Força, muita força é o que minha mãe tem apresentado nesses dias de internação, surpreendendo mais uma vez a todos os que estão a cuidar dela. Não tem sido fácil me fazer presente nas visitas. A fotografia é dura e triste. O espaço é concebido numa visão bastante humanitária onde o acolhimento se faz  presente. Conviver, aceitar e enfrentar os desafios a cada dia tem sido meu objetivo maior. Silenciar e não dispor de tempo para mergulhar em questões de ordem filosófica e espiritual tem sido a postura adotada. Entendo que a mesma se faz necessária a fim de eu dar conta daquilo que tenho que realizar, ou seja, cuidar, cuidar e cuidar da minha mãe no aqui e no agora! Dessa forma, eu constato que  o amparo e os arranjos divinos acontecem naturalmente, a me revigorar e oferecer energia para o instante seguinte! Segurar a ansiedade no buraco que se abre tem sido a minha atitude. No mais, entre acertos e ajustes procuro corresponder à demanda do momento.
Boa noite aos que seguem comigo. Vera Helena, sempre viva. 16-12-14.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Flor de Aço.

A cada dia que passa, percebo a fortaleza que minha mãe tem representado no seu trajeto de vida! Deixamos o hospital há 11 dias! Quando ela foi internada tendo lá permanecido por 37 dias, no quadro apresentado, a pneumonia era a maior preocupação, estabilizada depois de algum tempo. A recuperação da minha mãe surpreendeu a todos, principalmente o médico que a assistia, pois os prognósticos eram desanimadores. Relevante mencionar que até o momento da internação da minha mãe, nós dispúnhamos de serviços de home care. Alguns, como a fisioterapia, fonoaudiologia, e nutrição existiam há quase um ano e meio antes deste evento. Os serviços mais atuais compunham-se de um cilindro de oxigênio, o aspirador (extremamente necessário para aliviar a secreção frequente) e o mais recente deles, constituía-se na presença de uma auxiliar de enfermagem noturna. Somente na noite em que eu aguardava por esta profissional é que soube que a partir do momento que o paciente se ausenta por mais de 24 horas dos serviços de Pronto Socorro, esse trabalho torna-se inoperante! Um surpresa desagradável demais, num momento delicado e tenso! Alterações aconteceram para atender essa demanda! Busquei cuidadoras disponíveis para " cobrirem " o vazio deixado por essa medida demasiadamente injusta! E quando o médico que cuidava da minha mãe verificou que ela já tinha condições de retornar para o lugar que vive, a sensação de impotência e revolta aumentaram! Fomos informados que não dispúnhamos de serviço algum de home care! Tristeza e desolação diante do cenário inesperado! Retornamos para "casa" com força, boa vontade e coragem suficientes para recomeçarmos a nova etapa de um percurso no qual minha mãe, flor de aço querida me impulsiona a encarar e enfrentar tamanho vazio, oriundo da privatização da saúde nacional. Pavoroso assistir essas questões ligadas ao envelhecimento, num país que se orgulha de ter maior expectativa de vida e ao mesmo tempo nos mergulha na desesperança e dissabor! Grata pelo caminhante que caminha comigo. Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 28/11/2014.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estabilidade e Instabilidade.

A linha que passa pela estabilidade é a mesma da instabilidade. Em questão se segundos uma passeia no caminho da outra provocando movimentos adequados para cada situação. No caso da minha mãe, internada há mais de um mês, conforto e quadro estável constituem-se nas palavras chaves proferidas pelos profissionais da área da saúde envolvidos no seu cotidiano. Se por este lado podemos vislumbrar um caminho definido, ou seja, planejarmos a volta para o lugar onde minha mãe vive, por um outro nos vemos impedidas de realizar esse percurso porque estamos aprisionadas pelas exigências do convenio que assiste minha mãe. Com alta há 10 dias, num quadro de fragilidade intenso, portanto vulnerável a infecção hospitalar, nos vemos no aguardo do posicionamento dos entendidos em projetos e coberturas de convênios para sua cliente há mais de 30 anos. Inúmeras sugestões têm sido apresentadas, mas conversar com os responsáveis e definir possibilidades nesse tempo angustiante de espera, tem sido a posição definida por nós, os familiares. Meu cotidiano tem sido vivenciado nas dependências de um hospital, que protagoniza uma dinâmica intensa dentro da finalidade que se destina: dias de muita agitação, outros mais calmos, alguns com falta de funcionários, levando-nos a atuar como colaboradores para o que precisar dentro dos limites do permitido. Nesse sentido, nos deparamos com pessoas alegres, éticas, profissionais e comprometidas com o seu trabalho e função, assim como com outras pessoas mais amargas, insatisfeitas, a atuar com má vontade, levando-nos a perceber que não há diferença das relações que estabelecemos e assistimos no cotidiano dos lugares que frequentamos. Angustiada com essa indefinição busco celebrar cada instante vivido com a minha mãe nos quais sorrimos e nos ouvimos tentando compreender os sons emitidos sinalizando para palavras que nem sempre consigo compreender o significado. Quando isso acontece, faço carinho no seu rosto e canto as suas músicas prediletas e rezamos as orações conhecidas por nós. Como resposta, quase sempre obtenho um sorriso puro e inocente, um olhar singelo em meio a tantos outros que, pelo que percebemos, se direciona aos lugares que só minha mãe consegue pegar carona e viajar....Beijo no coração dos meus seguidores.13.11.14.

domingo, 26 de outubro de 2014

Caminhos, espinhos e carinhos.

Minha mãe prossegue hospitalizada. Treze dias medicada com antibióticos, mas a pneumonia não foi debelada. A palavra que tenho ouvido com certa frequência dos médicos e profissionais que a assistem tem sido CONFORTO. Minha rotina tem sido realizada no hospital a fim de me fazer presente o maior tempo possível ao lado dela. O caminho que temos pela frente apresenta espinhos e carinhos, tudo junto e misturado. Quando percebo que ela se encontra agitada, rezamos e ela se acalma. E quando o seu estado sinaliza para a tranquilidade, conversamos o diálogo possível. Nele, trago à tona situações de alegria das quais quase sempre um sorriso inocente e singelo simboliza a sua resposta. Nesse intervalo permeado de carinho eu me reabasteço e revigoro para juntas cumprirmos o que temos pela frente. Assistir e compor esse cenário possibilita que diferentes sentimentos perpassem meu corpo e mente. Minha agenda tem sido escrita por uma frase que fundamenta o meu cotidiano: um dia de cada vez! No mais, minha vida segue através da esperança edificada num fazer diário. Agradeço aos meus seguidores com ternura e paz. Vera Helena, sempre viva. 26/10/14 

domingo, 19 de outubro de 2014

Caminhos Escuros

Desde domingo, dia 12 de outubro, minha mãe encontra-se internada. Diagnóstico: pneumonia, infecção urinária, seguido de baixa taxa de sódio. Minha mãe, prostrada e nós assustados e impactados. Caso grave, de risco e delicado é o que tenho ouvido dos profissionais que a atendem. Tempo de luta e aprendizado, a valorizar cada instante vivido na incerteza dos nossos passos. Hoje, uma pequena melhora, pois ela não tem piorado. O cenário, limita-se à janela deste quarto de hospital! Beijos e gratidão aos meus seguidores. Vera Helena, sempre viva. 19/10/2014